Sabem do que sinto saudades? De receber cartas. Lembram-se daquela doce ansiedade de ir à caixa do correio ver se tínhamos correspondência? Da expectativa de abrir uma carta e ler vorazmente o seu conteúdo? Para depois, chegando ao fim, voltar a lê-la e relê-la para no fim sorrir de alegria ou chorar de saudade? Receber o tão esperado posta de alguém que, estando longe, se lembrou de nós e quis partilhar o sítio onde estava connosco, como prova de que a nossa ausência é sentida e que a saudade dói! Não costumo ser saudosista, mas confesso que adorava despender do meu tempo para através das palavras transmitir os sentimentos. Era uma troca de afetos sentidos que, por falta de tempo ou por excesso de distrações, hoje é raro. O tempo tinha valor para se dar valor a alguém. Guardo ainda as cartas e postais que recebi, mas as cartas prefiro não as ler para não chorar. Os postais, revejo-os na coleção que tenho e, movida pela curiosidade, vou virando para ver a sua mensagem e quem enviou e dou por mim a sorrir. Quem me quiser mandar postais esteja à vontade J
